A Utilização do Saber do Trabalho para a Operacionalização do Princípio da Precaução: aprendendo com o rompimento de uma barragem de rejeitos minerais
O rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG, destinada ao depósito de rejeitos da mineração, chocou a opinião pública internacional e motivou diversos estudos e reflexões sobre o assunto. Logo após o evento, vários grupos acadêmicos, órgãos estatais, movimentos sociais e personalidades se posicionaram sobre o assunto. Em meio ao conteúdo geral desses posicionamentos se destacou a afirmação da necessidade do compromisso com o Princípio de Precaução, que é uma das soluções contemporâneas para se lidar com o risco. Considerando então a importância deste princípio dada a sua reiterada reivindicação nos diversos fóruns de debate e posicionamentos sobre o tema, avaliaremos a pertinência real da utilização do Princípio de Precaução – ela mudaria conforme o contexto? – e focaremos então nossos esforços no entendimento da operacionalização deste princípio, quando este nos for útil. Nossos primeiros estudos sobre o tema revelaram as discussões sobre o controle social como uma questão chave no desvendar destas indagações, o que nos levou à nossa principal questão neste estudo: como criar as condições para que os saberes provenientes da própria experiência de vida e trabalho, e que não são explicitados e/ou que ainda não fazem parte das sistematizações cientificas, possam ser respeitados e utilizados como balizadores para as avaliações sobre o risco? Uma boa proposta de como lidar para uma articulação satisfatória destes saberes na gestão dos riscos nos parece ser elucidada pela elaboração da Cidadania Tecnocientífica, que também será objeto de análise. A aplicação de princípios como o de Precaução parece necessitar de uma consolidação de relações democráticas referenciadas em uma determinada ética.
31/03/2017
19:00
sala 3201